Parque Dois Irmãos realiza oficina para normatizar uso religioso da mata

O Parque Estadual de Dois Irmãos, em Recife, e o projeto Floresta Irmã promoveram a primeira oficina participativa voltada à normatização do uso religioso de suas matas. O encontro reuniu representantes das religiões de matriz africana, como candomblé e umbanda, que utilizam a área de Mata Atlântica do parque para rituais e oferendas. A iniciativa busca conciliar a conservação ambiental com as práticas culturais e espirituais dessas comunidades.


A oficina marca o início de um processo colaborativo para estabelecer diretrizes de uso, atendendo às necessidades espirituais da população e às normas do Programa de Uso Público, presente no Plano de Manejo do parque desde 2022. “Entender como as pessoas se relacionam com a natureza e compatibilizar os usos é imprescindível para o manejo de qualquer Unidade de Conservação. Costumes religiosos fazem parte da nossa cultura e precisam ser preservados, em equilíbrio com a proteção da floresta”, destacou Marina Falcão, gerente geral do Parque Dois Irmãos.

A proposta nasceu da dissertação de mestrado de Whelley Pereira Izidro, pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), intitulada “Conservação da biodiversidade no contexto do uso religioso de área florestal protegida na Mata Atlântica”. O estudo identificou 13 terreiros no entorno do parque que utilizam a mata para práticas espirituais, ressaltando a relação simbiótica entre a religiosidade de matriz africana e a natureza.

Durante a oficina, religiosos e gestores do parque discutiram formas de garantir um uso sustentável, livre de intolerância religiosa, respeitando as demandas espirituais e a conservação ambiental. Para Whelley, “a iniciativa reconhece a profundidade da conexão entre os orixás e a mata, entendida não apenas como representação simbólica, mas como a própria essência dos deuses”.

O processo busca criar um espaço de diálogo contínuo entre a comunidade e o parque, promovendo segurança, inclusão e preservação cultural. O objetivo é assegurar que as práticas religiosas possam coexistir harmoniosamente com os esforços de conservação da biodiversidade.

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