Em
um mundo cada vez mais conectado e acelerado, a infância, período
essencial para o desenvolvimento pleno do ser humano, vem sendo
encurtada. A psicóloga Rafaella Cursino, do Colégio Apoio do Recife,
alerta para os riscos da adultização precoce, impulsionada pelo excesso
de telas e pela pressão por desempenho desde cedo. Segundo ela, o
brincar livre é um direito fundamental reconhecido pela ONU, e é
indispensável para o desenvolvimento emocional, social e motor das
crianças.
“O
brincar não é apenas um passatempo, mas uma forma natural de expressão e
aprendizado para a criança. Ele desenvolve habilidades como resolução
de conflitos, criatividade e interação social. Infelizmente, muitas
crianças estão trocando esse tempo valioso por horas diante de
dispositivos eletrônicos”, afirma Rafaella, doutora em Psicologia
Clínica pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP).
A
especialista destaca ainda que a sociedade contemporânea impõe uma
hipercompetitividade às crianças. Agendas lotadas de atividades e pouca
oportunidade para o ócio e o brincar espontâneo têm levado muitas delas a
desenvolverem cansaço, irritabilidade e até distúrbios no sono e na
alimentação. “Vivemos em um contexto de performance constante. As
crianças estão sendo preparadas para o futuro, mas sem o tempo
necessário para viver plenamente a infância”, comenta.
Outro
problema que preocupa é o acesso precoce a conteúdos inapropriados, como
a pornografia, facilitado pelo uso descontrolado da internet. “Antes,
existiam ritos de passagem, com limites claros para o que as crianças
poderiam consumir. Hoje, elas têm acesso irrestrito a um mundo adulto
para o qual não estão preparadas”, alerta a psicóloga.
Para
Rafaella, é fundamental encontrar um equilíbrio entre o uso da
tecnologia e o tempo dedicado ao brincar. Espaços ao ar livre e
atividades que estimulem o convívio social são essenciais para um
desenvolvimento saudável. “A infância precisa ser respeitada e
protegida, garantindo às crianças a oportunidade de viverem essa fase
com liberdade, confiança e criatividade. Só assim formaremos adultos
mais equilibrados, socialmente hábeis e sensíveis ao outro”, conclui.
* Com informação e imagem de Assessoria