Fogos de artifício, música alta e aglomerações fazem parte das celebrações de Ano Novo, mas podem representar um verdadeiro desafio para pessoas com autismo e outros públicos neurodivergentes. Em Pernambuco, o tema ganha ainda mais relevância: o estado ocupa a oitava posição no país em número absoluto de pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), somando 105.852 registros, o equivalente a 1,2% da população — índice semelhante à média nacional.
Para esse público, o Réveillon pode ser um momento de sofrimento real. A hipersensibilidade auditiva, comum em pessoas com autismo, faz com que o cérebro processe sons de forma amplificada, transformando ruídos intensos, como fogos e música alta, em estímulos dolorosos, assustadores ou até incapacitantes.
Especialistas reforçam que o preparo prévio é essencial. Entre as principais recomendações estão a criação de um ambiente seguro e previsível, o uso de abafadores de som ou fones com cancelamento de ruído, além da possibilidade de antecipar explicações sobre o que irá acontecer, reduzindo a ansiedade.
Os pais e cuidadores devem respeitar os limites da criança ou do adulto atípico, evitando forçar a participação em festas cheias ou com muitos estímulos. Sempre que possível, é indicado oferecer alternativas mais tranquilas, manter rotinas adaptadas e observar sinais de estresse, como irritabilidade, choro ou isolamento.
Para aprofundar o debate e orientar famílias, a analista comportamental Cinthia Cardoso, da Nuno Desenvolvimento, no Recife, destaca que pequenas adaptações podem fazer toda a diferença para garantir conforto, segurança e inclusão durante as festas de fim de ano.