O endividamento das famílias recifenses registrou um leve recuo em outubro de 2025, alcançando 78,5% dos lares da capital pernambucana, contra 79,8% no mês anterior. De acordo com levantamento da Fecomércio-PE, este é o menor índice observado desde setembro de 2021 e marca o quarto mês consecutivo de redução na proporção de endividados na cidade. Apesar da queda, o movimento ainda inspira cautela, sobretudo diante do comportamento da inadimplência, que voltou a crescer.
Entre as famílias que possuem algum tipo de dívida, 26,7% relataram estar com contas em atraso, percentual superior aos 25,7% registrados em setembro. O cenário também mostra aumento entre os lares que declararam não ter condições de quitar os débitos pendentes: o índice subiu para 14,7%, rompendo a sequência de estabilidade dos últimos meses.
O cartão de crédito permanece como o principal fator de endividamento, citado por 89,2% das famílias entrevistadas. Em seguida, aparecem os carnês (26,5%) e o financiamento de veículos (7,4%). O levantamento aponta ainda que, entre os lares com renda superior a dez salários mínimos, quase todos (98,7%) utilizam o cartão de crédito como forma de financiamento do consumo. Nesse grupo, 38,1% das dívidas estão relacionadas ao financiamento de automóveis.
Já entre as famílias com renda de até dez salários mínimos, os níveis de inadimplência seguem mais elevados: 36,4% possuem contas em atraso, e 17,4% afirmam não ter condições de pagar as dívidas no mês seguinte. Além disso, 48,5% desse segmento têm débitos vencidos há mais de 90 dias, indicando maior fragilidade financeira.
O estudo mostra ainda que o tempo médio de comprometimento com dívidas é de oito meses, com 28,9% das famílias mantendo débitos por mais de um ano. Em média, 29,5% da renda familiar está atualmente comprometida com pagamento de dívidas.
Para o presidente da Fecomércio-PE, Bernardo Peixoto, o recuo no endividamento reflete um comportamento mais prudente do consumidor, mas a tendência pode não se manter no fim do ano. “Houve queda no endividamento das famílias em outubro, mas essa redução não necessariamente se sustentará, principalmente em razão dos estímulos das datas comemorativas. A diminuição do endividamento foi acompanhada pela redução no comprometimento da renda, o que pode favorecer o consumo nas festas”, avaliou.
O economista da Fecomércio-PE, Rafael Lima, destaca que os dados apontam para uma fase de estabilização do endividamento, porém com inadimplência persistente. “Ocorreu um aumento no número de famílias inadimplentes, ainda que moderado e dentro de um comportamento linear. A expectativa é que o pagamento do 13º salário proporcione algum alívio temporário, tanto para o consumo quanto para o pagamento de dívidas”, explicou.
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